domingo, 28 de junho de 2009

Reflexões sobre a saída de Luxemburgo do Palmeiras

Tostão, em sua coluna do último domingo (21), atentou para a supervalorização dos técnicos no Brasil. E, com certeza, o mais valorizado nessa classe, aqui, é - ou era - Vanderlei Luxemburgo. Informações de bastidores revelam que o seu salário no Palmeiras era algo em torno de R$ 700 mil por mês. Convenhamos, é muito dinheiro para um técnico que não alcança os propósitos planejados.

O maior erro de Luxemburgo - e também da diretoria palmeirense - foi o desmantelamento da equipe de 2008. O elenco foi totalmente reformulado. Os pilares da temporada passada saíram, entre eles estavam Kléber, que, graças a sua dedicação incondicional, acabou virando ídolo; e Alex Mineiro, mesmo oscilando bons e maus momentos, era ele quem colocava a bola para o fundo das redes. Sendo assim, o trabalho realizado no ano passado foi jogado ralo a baixo, por decisão do próprio técnico.

Já que muitos saíram, o mínimo que se esperava era uma reposição no mesmo nível, o que, em determinados setores, não aconteceu. A lateral direita está sem dono e o ataque ganhou um reforço, se é que podemos chamá-lo assim, no mínimo inesperado: Obina. Repetindo o mesmo erro do ano passado, ao contratar o decadente Rock Júnior. Demonstrando que como um maneger, Vanderlei é um bom treinador.

Narcisista como ele só, Luxemburgo além de se achar o melhor técnico do Brasil - pelo menos é o que ele deixa transparecer -, não aceita críticas a seu trabalho. Neste ponto, ele ganhou um rival severo: o torcedor. Uma grande parte da torcida palmeirense, a cada dia que passava, se irritava mais com o treinador, devido às exibições irregulares da equipe.

Belluzzo, mostrando o ótimo economista que é, tratou logo de fazer as contas: um técnico caríssimo somado à eliminação precoce na Copa Libertadores e no Paulista, ao mau rendimento da equipe e ao não alcance dos objetivos traçados para o primeiro semestre. O resultado desse cálculo, todo mundo já sabe.

Com a justificativa de quebra da hierarquia, a diretoria palmeirense demitiu Vanderlei Luxemburgo. Não que não houve uma quebra, mas que isto, no meu modo de ver, não é um argumento plausível para a sua demissão. Na verdade, Luxemburgo demonstrou que não tinha condições de levar este elenco, montado por ele, mais adiante. Ou seja, ele fez, até agora, o que dava para fazer, e as expectativas para o Campeonato Brasileiro não é a das melhores, por isto é melhor trocar o comandante do time para ver se o caminho do título volte à direção do clube palestrino.

Foto: Estado de S. Paulo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Considerações sobre a seleção brasileira

A história poderá ser a mesma de 2005: a seleção ganha a Copa das Confederações, batendo grandes rivais - a Argentina e Alemanha de ontem, deverão ser a Itália e Espanha de hoje –, e os defeitos acabam sendo encobertos pelo título.

A vitória brasileira sobre a Itália era mais do que previsível. Com um elenco envelhecido, sem nenhum grande craque e com dois postes no ataque (Luca Toni e Iaquinta), a Azzurra demonstrou, ainda na primeira fase da competição, uma fragilidade assustadora. A zaga, embora seja o setor mais eficiente da equipe, não conta com a mesma segurança da Copa de 2006; o meio de campo não consegue criar jogadas ofensivas e o ataque, por sua vez, é formado por jogadores de pouca habilidade e que não têm participação ativa nos jogos. Com a decadência da equipe italiana, os torcedores mais antigos lembram de outro vexame, o da Copa de 1966 - e a Coréia do Norte, a protagonista dessa vergonha, já carimbou seu passaporte para a África do Sul.

Claro que o Brasil teve seus méritos. Ninguém massacra a tetra campeã mundial sem ter destaques. Luiz Fabiano está provando que é mesmo o novo camisa 9. Júlio César é unanimidade. Felipe Mello assumiu, com muita personalidade, a vaga de volante. E Dunga que, mesmo com escolhas muito duvidosas, institucionalizou o profissionalismo na seleção. Agora, para vestir a amarelinha, o currículo não tem peso tão grande quanto tinha com o técnico anterior.

Mas os erros ainda estão evidentes. Gilberto Silva está em franca decadência, saiu de um dos principais clubes do mundo, o Arsenal, e foi parar na Grécia. Sua lentidão é de impressionar, e ela prejudica o poder de marcação e a consistência do meio de campo. A lateral esquerda continua sem dono. Kléber e André Santos não convencem. Fábio Aurélio, lateral incontestável num dos maiores clubes do mundo, o Liverpool, só será convocado se Dunga mudar seus conceitos. Atuando com três volantes, apesar de Ramires jogar mais avançado, a criatividade da equipe fica concentrada nos pés de Kaká. Se lembrarmos as partidas das Eliminatórias da Copa contra Colômbia e Bolívia, times que atuaram fechados, o problema da criação de jogadas ficou evidente. Caso aconteça uma lesão com o meio campista madrileno, quem irá substituí-lo? No grupo de hoje, não encontramos nenhum jogador com características similares.

A Espanha será o grande teste para o Brasil. Uma possível vitória poderá, mais uma vez, esconder os pontos falhos da equipe e, acima de tudo, coroar o esquema com três volantes. A derrota, contraditoriamente, seria mais vantajosa. Ao não conquistar o caneco, o técnico provavelmente revisará seus conceitos para a Copa do Mundo.